O AEROPORTO de Beja é das infra-estruturas mais aguardadas para o Baixo Alentejo e as entidades locais colocam neste projecto as maiores expectativas para o desenvolvimento da região. No que se refere a emprego directo, o aeroporto vai criar cerca de 200 postos de trabalho, sendo que, de acordo com a Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB), cada emprego na aviação gera quatro indirectos.
A verba para desbloquear com a construção do Aeroporto de Beja (5,9 milhões de euros), está contemplada no Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) de 2006. De acordo com José Queiroz, presidente do conselho de administração da EDAB, este montante representa cerca de 30% dos custos de edificação, sendo que os restantes 70% serão garantidos pelo Fundo, Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
O aeroporto vai ficar a cinco minutos da cidade de Beja e resultará do alargamento da utilização da Base Aérea n.º II para fins civis. Quanto à criação de emprego que se espera venha a gerar, José Queiroz explica que «com quatro a cinco voos diários e para funcionar, o aeroporto criará no mínimo cerca de 200 postos de trabalho directos».
Contudo, este potencial não fica por aqui. «Na aviação, um emprego directo gera quatro indirectos. Além disso, o 'cluster' aeronáutico proporciona um cogumelo de actividade à sua volta», acrescenta José Queiroz.
Segundo a mesma fonte existem já intenções de investimento para esta região que estão a ser estimuladas pela construção do aeroporto. «Temos já dois contactos para a instalação nesta zona de indústria aeronáutica e de fabrico de componentes. Se tal se vier a concretizar-se, poderá fazer explodir a componente de emprego», salienta o responsável da EDAB.
Mas, além dos postos de trabalho directos e indirectos, o aeroporto vai ainda proporcionar emprego temporário durante a sua construção. Nos próximos dois anos — período que a EDAB prevê para a sua edificação com o lançamento do primeiro voo no início de 2008 — estima-se que venham a estar envolvidos nesta obra mais de uma centena de trabalhadores.
Apesar do Baixo Alentejo ser uma zona que tem vindo a perder população ao longo dos anos, José Queiroz considera que «a região tem capacidade para dar resposta à mão-de-obra que esta estrutura vai gerar. Penso que com oportunidades de trabalho, muitos alentejanos que saíram das suas terras de origem por falta de emprego, irão equacionar a hipótese de regressar».
O presidente da EDAB deixa ainda alguns recados à comunidade, educativa e ao empresariado local. Na sua opinião as instituições de ensino terão dois anos para se adaptar às necessidades que o aeroporto irá gerar em termos de procura de mão-de-obra. Isto para que os estudantes que se licen-, ciam na região encontrem nela uma oportunidade de emprego.
Já o empresariado local deve aproveitar esta oportunidade e começar a trabalhar para a criação de novos negócios.
José Luís Ramalho, presidente do Instituto Politécnico de Beja (IPB) confessa que não sabe ainda quais serão as necessidades a nível de formação que o aeroporto vai originar. Contudo, avança com a hipótese de vir a criar cursos de especialização e formação direccionados para as exigências que venham a surgir no futuro. Explica ainda que esta instituição de ensino já ministra uma licenciatura em Turismo, que poderá dar vazão a projectos que venham a ser criados nesta área, potenciados pelo desenvolvimento do aeroporto.
Para Luís Serrano, presidente do Núcleo Empresarial da Região de Beja (NERBE), «o aeroporto servirá o desenvolvimento do Alentejo, nomeadamente no transporte de mercadorias e produtos frescos e poderá dar apoio ao Algarve em alturas de ponta». Acredita que este projecto vai contribuir para a criação de algumas centenas de postos de trabalho e se tiverem condições de suporte, os investimentos empresariais far-se-ão. Não se esquece ainda de referir que falta construir o IP8, obra fundamental como via de acesso para o Baixo Alentejo.
De acordo com dados da Câmara Municipal de Beja (CMB), existe neste concelho uma taxa de desemprego entre os 8 a 10%.
O emprego na agricultura é baixo e a maioria da população trabalha nos serviços, comércio, construção civil e pequena indústria. Perante este cenário, Francisco Santos, Presidente da CMB considera que «o aeroporto é uma infra-estrutura essencial para a região, na medida em que atrairá outro tipo de indústrias».
Uma dessas indústrias com grande potencial na região é a do turismo. De acordo com o autarca, existem intenções de investimento para Beja que, sem o aeroporto, não passarão de uma utopia.